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sábado, 9 de junho de 2012

As quatro pétalas da Rosa

Pétala 3 - Maria Rosa Bárbaro

Por Jaqueline Corrêa / Foto: Thinkstock
jaqueline.correa@arcauniversal.com
As quatro pétalas da Rosa narra a história de quatro mulheres que se conhecem parcialmente, e que possuem, além do nome, outra coisa em comum: a violência doméstica. No entanto, uma não conhece esse segredo da outra e, por sofrerem caladas, acabam tendo finais completamente diferentes. As quatro pétalas são as quatro mulheres representadas por uma das mais significativas flores que existem, a rosa. As pétalas formam um todo, mas, individualmente, e sem proteção, são fracas e morrem.



Maria Rosa Bárbaro era o tipo de mulher dominadora. Não que este fosse o seu gênio, mas porque as circunstâncias lhe obrigavam a ser.
Rica e muito bem-sucedida nos negócios, ela possuía de tudo, menos a pessoa com quem dividir essas conquistas. Maria Rosa era divorciada. E o seu casamento acabou quando descobriu a traição do marido. Desde então decidiu mudar. Passou a ser autoritária, egocêntrica, vestiu uma carcaça para dizer que era forte e que havia se recuperado do trauma. Pura mentira.
Aconteceu na manhã de um domingo.
Depois de ter saído para correr na praça que rodeava o condomínio onde morava, Maria Rosa voltou para casa. Neste meio tempo, passou duas horas correndo, conversou com algumas vizinhas, depois entrou pela porta dos fundos da sua cobertura.
Seguiu pela cozinha, retirou os tênis, colocou a toalhinha molhada na área de serviço, deixou a garrafinha de água na pia. Deu alguns passos e pensou em chamar pelo marido, mas, como em um ímpeto de compaixão, preferiu não acordá-lo.
E enquanto caminhava pelo longo corredor, imaginou o dia pesado que ele tivera na noite anterior, em como havia chegado tarde devido à árdua viagem que fizera de carro, em como ele realmente deveria estar cansado de tanta labuta durante todos aqueles dias.
Maria Rosa ainda estava com o fone de ouvido quando abriu a porta e se viu estática como uma estátua. Podia-se até desenhá-la, como fariam grandes artistas, pois ela não movia nem mesmo os cílios. De repente ela parou. Com uma das mãos na maçaneta da porta entreaberta, uma perna à frente da outra – num visível gesto de passos interrompidos –, a outra mão no peito e a boca paralisada, já que nem a voz ousou vir para fora, a única coisa em que se via algum movimento era dos olhos, que não conseguiam segurar as tímidas lágrimas.
Porque foram eles que contemplaram aquela cena degradante para qualquer mulher. Foram eles que viram o marido e uma das empregadas da casa na própria cama do casal. E ela que pensou no bem-estar do esposo, não conseguia absorver tanta informação. Por isso, assim como entrou, resolveu sair: sem se deixar perceber, e nem mesmo eles deram algum sinal de que um flagrante havia acabado de acontecer.
Maria Rosa Bárbaro não pensou em mais nada. Apenas deu passos rápidos em direção à sacada e dali quis se jogar. Mas agarrou tão forte o parapeito que, apesar do seu coração desejar, sua mente dizia que aquele não seria o seu fim.
Continua na próxima quinta-feira...
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