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terça-feira, 3 de julho de 2012

As quatro pétalas da Rosa

Pétala 4: Rosália

Por Jaqueline Corrêa / Foto: Thinkstock
jaqueline.correa@arcauniversal.com
"As quatro pétalas da Rosa" narra a história de quatro mulheres que se conhecem parcialmente, e que possuem, além do nome, outra coisa em comum: a violência doméstica. No entanto, uma não conhece esse segredo da outra e, por sofrerem caladas, acabam tendo finais completamente diferentes. As quatro pétalas são as quatro mulheres representadas por uma das mais significativas flores que existem, a rosa. As pétalas formam um todo, mas, individualmente, e sem proteção, são fracas e morrem.

A primeira vez que Rosália viu Henrique, apaixonou-se de cara por ele. Encantador, como ela dizia, o rapaz sempre demonstrava educação e carinho. Não era precisamente bonito, mas a maneira como se vestia, se portava e se comunicava dava a ele um charme muito especial.
Henrique entrou na faculdade de Direito, porque sonhava ser promotor. O pai, juiz, queria que entrasse para a magistratura, mas não era o sonho dele. Já Rosália fazia pedagogia, porque o seu desejo era o de “levar educação de qualidade a crianças carentes”. Ela sabia que não ganharia bem para isso. Sabia também que o seu caminho seria muito árduo e que talvez nem conseguisse chegar ao seu objetivo, mesmo assim, idealizava esse futuro.
Na verdade, Rosália tinha uma queda por desafios, aventuras, queria ganhar o mundo com a força do braço; desejava mudar o errado para o certo à base do grito, se preciso fosse, porque dentro dela havia um belo sentimento de justiça, principalmente pelas crianças, e se indignava quando via um adulto analfabeto. Até em numa Organização Não-Governamental ela se meteu. Começou a dar aulas a crianças muito carentes que jamais viram livros em sua frente, nunca olharam para as letras impressas das páginas, não conheceram as figuras das princesas, suas histórias de amor, nem o final feliz que cada uma tinha.
Rosália nutria essa euforia dentro de si. Nas escadarias da comunidade paupérrima, esforçava-se em amparar inúmeros livros contando apenas com as duas mãos. Vez ou outra surgia um pai ou uma mãe que a ajudava até a casinha de madeira montada para ser uma espécie de sala de leitura improvisada.
Os moradores se reuniram, e ela deu a dica para que pintassem com cores chamativas, para atrair a atenção das crianças, pois, conhecedora do universo infantil como era, entendia que criança mergulha no próprio universo, um mundo que não existe em nossa realidade, mas é vivo e verdadeiro dentro delas. Um mundo mágico, colorido e lúdico.
Rosália era sensível para isso, e resolveu por si só comprar as tintas. Amarelo, azul, laranja, lilás e rosa.  Cores fortes e infantis. A pequena sala ficou pronta, e a jovem fez questão de inaugurar logo. Convidou as crianças da comunidade, e para que elas compreendessem o que era aquilo, as atraiu com doces e pirulitos. Em menos de uma hora, o lugar já estava cheio. Meninos e meninas que até então desconheciam o poder dos livros se reversavam em folhear páginas e mais páginas de letras, cores, figuras e histórias.
Rosália escolhia um livro e contava a narrativa. As crianças ouviam atentas, pareciam entender, pareciam saber de quem se tratava e aguardavam o seu final com uma expectativa que surpreendia a jovem futura professora. Ela até se emocionou.
Ao final deste dia, Rosália deixou nas crianças um gostinho de quero mais. E avisou que o próximo encontro seria no outro fim de semana, já que ela estava sozinha naquela tarefa.
Na faculdade, Rosália contava alegre o que havia acontecido. Relatava o comportamento das crianças, a atenção que os pais deram a ela, a distância daquela comunidade até a sua casa e, principalmente, a satisfação que teve em realizar aquele trabalho. Ela ainda falava, quando Henrique apareceu querendo conversar.
Aguarde a continuação...

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