A descrição do destino de quem escolhe não seguir a Deus tem uma origem muito curiosa, mostrada na própria Bíblia
Em diferentes versões da Bíblia, o
vocábulo “inferno” é usada na tradução de diversas palavras, de acordo
com a língua a ser traduzida.
Vejamos um versículo em que a palavra
aparece, em português:
“Pois
não deixarás a minha alma no inferno, Nem permitirás que o teu Santo
veja a corrupção;”
Atos 2:27
Veja também:
Em hebraico, o termo usado é
“sheol”, no sentido de “vala, sepultura, cova, sepulcro”, palavras
usadas em algumas
traduções para o inglês e português – caso da Nova Versão
Internacional:
“porque
tu não me abandonarás no sepulcro, nem permitirás que o teu Santo sofra
decomposição.”
Mais na frente, no versículo 31, as duas
palavras também são usadas para designar o lugar onde
Jesus foi sepultado por 3 dias antes de sua ressurreição, com
o mesmo sentido do versículo 27.
No grego, a palavra usada no mesmo
versículo é “Hades” – não à toa, o nome do equivalente ao inferno na
mitologia daquela cultura (o reino subterrâneo dos mortos), ou mesmo do
falso deus que o governa.
Fogo
Há, ainda, uma interessante analogia no
Novo Testamento. Vejamos o seguinte versículo:
“Portanto, se o
teu olho direito te escandalizar, arranca-o e atira-o para longe de ti;
pois te é melhor que se perca um dos teus membros do que seja todo o teu
corpo lançado no inferno.”
Mateus 5:29
No grego, a palavra “inferno” desse
versículo é traduzida como “Geena”, uma transliteração (escrever uma
palavra de acordo com o som dela em outra língua) do hebraico “Ge Hinom”
– Vale do Hinom.
Esse vale, fora das muralhas da antiga
Jerusalém, a sudoeste, teve uma triste história por muito
tempo. Os antigos canaanitas, antes de conquistados pelos judeus,
ofereciam ao falso deus Moloque sacrifícios humanos, por muitas vezes
queimados. Após os filhos de Israel tomarem o lugar, devido ao histórico
idólatra do lugar, ele passou a ser um imenso depósito de lixo,
equivalente aos “lixões” de hoje. Mas não se tratava de um aterro
sanitário, como já era comum naqueles dias em algumas paragens. Tudo o
que era jogado ali era queimado – levado para fora da cidade pelo Portão do
Esterco, também muito apropriadamente chamado Portão das Cinzas (na foto abaixo,
como era na década de 1940).
A quantidade de lixo não era pouca. O
fogo, portanto, era praticamente inesgotável. Mesmo quando a porção
superior se molhava ou era coberta pela neve, as camadas inferiores
ainda ardiam em brasas por muito tempo, com o fogo aumentando novamente
nas estações secas.
Mas a má fama do local não se devia
somente a lixo e outros
dejetos (fezes, por exemplo). Era o destino de partes de
corpos humanos amputadas por doenças ou acidentalmente (por isso a
analogia de Mateus 5:29, acima). Ali também eram cremados, junto ao lixo
e lentamente, os corpos de indigentes e de criminosos. Ter o corpo
jogado no Hinom era sinônimo de grande humilhação.
Muitas vezes, os corpos eram jogados
fora do alcance do fogo, e apodreciam a céu aberto, deixando aparentes
os vermes que os devoravam.
“E sairão, e
verão os cadáveres dos homens que prevaricaram contra mim; porque o seu
verme nunca morrerá, nem o seu fogo se apagará; e serão um horror a toda
a carne.”
Isaías 66:24
É bastante compreensível que o Hinom
tenha se tornado um lugar amaldiçoado pelos antigos judeus, símbolo de
asco, desprezo e desgraça – ao invés de um enterro
decente e limpo, criminosos, indigentes e prevaricadores eram
jogados no “lugar em que o fogo nunca se apaga” – daí a ligação tão
comum das chamas com o inferno.
Mas a analogia não acaba aí. Com o
intuito de manter as chamas sempre fortes e a queima dos detritos e
corpos ser mais eficaz, constantemente era jogado enxofre no lixão. Daí
outra figura comum ao Inferno, ilustrado em palavras na Bíblia como o “lago que arde
com fogo e enxofre” eternamente (Apocalipse).
Hoje, o Hinom está completamente limpo (foto
acima) e o Portão do Esterco é um inofensivo ponto turístico. A
tecnologia atual permite um fim mais nobre para o lixo (reciclagem do
que é recuperável e incineradores não poluentes para lixo
hospitalar) em Jerusalém. Bem perto dali, em galerias subterrâneas, em
1989, foram encontrados vários túmulos datados da época do Templo de
Salomão.
O verdadeiro inferno
“E a besta foi
presa, e com ela o falso profeta, que diante dela fizera os sinais, com
que enganou os que receberam o sinal da besta, e adoraram a sua imagem.
Estes dois foram lançados vivos no lago de fogo que arde com enxofre.”
Apocalipse
19:20
O máximo em humilhação –
até mesmo depois da morte – para os que não seguiam os preceitos de Deus
na antiga Jerusalém foi um modo eficaz de advertir judeus e cristãos,
no Antigo e no Novo Testamento, sobre o
verdadeiro inferno, o destino de quem escolher ser indigno.
“E a morte e o
inferno foram lançados no lago de fogo. Esta é a segunda morte.
E aquele que não foi achado escrito no livro da vida foi lançado no lago de fogo.”
E aquele que não foi achado escrito no livro da vida foi lançado no lago de fogo.”
Apocalipse 20:14-15
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