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domingo, 9 de setembro de 2012

Inferno, fogo e enxofre

A descrição do destino de quem escolhe não seguir a Deus tem uma origem muito curiosa, mostrada na própria Bíblia

Por Marcelo Cypriano / Imagens: Ester Inbar/Wikimedia, Livraria do Congresso dos EUA, Thinkstock
marcelo.cypriano@arcauniversal.com
 


Em diferentes versões da Bíblia, o vocábulo “inferno” é usada na tradução de diversas palavras, de acordo com a língua a ser traduzida.
Vejamos um versículo em que a palavra aparece, em português:
“Pois não deixarás a minha alma no inferno, Nem permitirás que o teu Santo veja a corrupção;”
Atos 2:27

Em hebraico, o termo usado é “sheol”, no sentido de “vala, sepultura, cova, sepulcro”, palavras usadas em algumas traduções para o inglês e português – caso da Nova Versão Internacional:
“porque tu não me abandonarás no sepulcro, nem permitirás que o teu Santo sofra decomposição.”
Mais na frente, no versículo 31, as duas palavras também são usadas para designar o lugar onde Jesus foi sepultado por 3 dias antes de sua ressurreição, com o mesmo sentido do versículo 27.
No grego, a palavra usada no mesmo versículo é “Hades” – não à toa, o nome do equivalente ao inferno na mitologia daquela cultura (o reino subterrâneo dos mortos), ou mesmo do falso deus que o governa.
Fogo
Há, ainda, uma interessante analogia no Novo Testamento. Vejamos o seguinte versículo:
“Portanto, se o teu olho direito te escandalizar, arranca-o e atira-o para longe de ti; pois te é melhor que se perca um dos teus membros do que seja todo o teu corpo lançado no inferno.”
Mateus 5:29

No grego, a palavra “inferno” desse versículo é traduzida como “Geena”, uma transliteração (escrever uma palavra de acordo com o som dela em outra língua) do hebraico “Ge Hinom” – Vale do Hinom.
Esse vale, fora das muralhas da antiga Jerusalém, a sudoeste, teve uma triste história por muito tempo. Os antigos canaanitas, antes de conquistados pelos judeus, ofereciam ao falso deus Moloque sacrifícios humanos, por muitas vezes queimados. Após os filhos de Israel tomarem o lugar, devido ao histórico idólatra do lugar, ele passou a ser um imenso depósito de lixo, equivalente aos “lixões” de hoje. Mas não se tratava de um aterro sanitário, como já era comum naqueles dias em algumas paragens. Tudo o que era jogado ali era queimado – levado para fora da cidade pelo Portão do Esterco, também muito apropriadamente chamado Portão das Cinzas (na foto abaixo, como era na década de 1940).



A quantidade de lixo não era pouca. O fogo, portanto, era praticamente inesgotável. Mesmo quando a porção superior se molhava ou era coberta pela neve, as camadas inferiores ainda ardiam em brasas por muito tempo, com o fogo aumentando novamente nas estações secas.
Mas a má fama do local não se devia somente a lixo e outros dejetos (fezes, por exemplo). Era o destino de partes de corpos humanos amputadas por doenças ou acidentalmente (por isso a analogia de Mateus 5:29, acima). Ali também eram cremados, junto ao lixo e lentamente, os corpos de indigentes e de criminosos. Ter o corpo jogado no Hinom era sinônimo de grande humilhação.
Muitas vezes, os corpos eram jogados fora do alcance do fogo, e apodreciam a céu aberto, deixando aparentes os vermes que os devoravam.
“E sairão, e verão os cadáveres dos homens que prevaricaram contra mim; porque o seu verme nunca morrerá, nem o seu fogo se apagará; e serão um horror a toda a carne.”
Isaías 66:24

É bastante compreensível que o Hinom tenha se tornado um lugar amaldiçoado pelos antigos judeus, símbolo de asco, desprezo e desgraça – ao invés de um enterro decente e limpo, criminosos, indigentes e prevaricadores eram jogados no “lugar em que o fogo nunca se apaga” – daí a ligação tão comum das chamas com o inferno.
Mas a analogia não acaba aí. Com o intuito de manter as chamas sempre fortes e a queima dos detritos e corpos ser mais eficaz, constantemente era jogado enxofre no lixão. Daí outra figura comum ao Inferno, ilustrado em palavras na Bíblia como o “lago que arde com fogo e enxofre” eternamente (Apocalipse).



Hoje, o Hinom está completamente limpo (foto acima) e o Portão do Esterco é um inofensivo ponto turístico. A tecnologia atual permite um fim mais nobre para o lixo (reciclagem do que é recuperável e incineradores não poluentes para lixo hospitalar) em Jerusalém. Bem perto dali, em galerias subterrâneas, em 1989, foram encontrados vários túmulos datados da época do Templo de Salomão.
O verdadeiro inferno


“E a besta foi presa, e com ela o falso profeta, que diante dela fizera os sinais, com que enganou os que receberam o sinal da besta, e adoraram a sua imagem. Estes dois foram lançados vivos no lago de fogo que arde com enxofre.”
 Apocalipse 19:20

O máximo em humilhação – até mesmo depois da morte – para os que não seguiam os preceitos de Deus na antiga Jerusalém foi um modo eficaz de advertir judeus e cristãos, no Antigo e no Novo Testamento, sobre o verdadeiro inferno, o destino de quem escolher ser indigno.

“E a morte e o inferno foram lançados no lago de fogo. Esta é a segunda morte.

E aquele que não foi achado escrito no livro da vida foi lançado no lago de fogo.”
Apocalipse 20:14-15

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