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sexta-feira, 11 de maio de 2012

Costumes da Bíblia - O noivado

A união de duas pessoas dependia muito dos entendimentos entre suas famílias

Por Marcelo Cypriano / Fotos: Rede Record, F.B. Schell/The Story of The Bible
marcelo.cypriano@arcauniversal.com

Casar primeiro, amar depois. Parece algo frio, mas esse costume dos tempos do Antigo Testamento tendia a casamentos estáveis – claro que o método não era a única razão, em uma época de costumes diferentes e bastante distinção de direitos entre os sexos.
Claro que o amor podia estar presente. Vários fatores eram analisados antes pelas famílias dos futuros noivos para comprovar a compatibilidade entre os dois – além do aspecto econômico, que falava bem alto.
Ao casar-se, a mulher passava a fazer parte da família do marido, e a sogra tornava-se a sua segunda mãe. Era importante, portanto, que a família do noivo aprovasse a moça. Esaú passou por problemas por ter se casado contra o desejo dos pais com Judite, filha de um casal heteu (Gênesis 26:34-35).
Entretanto, o fato do os casamentos serem arranjados não significava que o desejo dos filhos não era considerado. Obviamente, aconteciam as uniões por conveniência, mas também era bem comum um jovem se interessar por uma moça e pedir ao próprio pai que entrasse em entendimentos com o pai dela. Também podia acontecer de a jovem não aceitar o pretendente e ser respeitada por sua própria família na decisão:
“E disseram: Chamemos a donzela, e perguntemo-lhe.

E chamaram a Rebeca, e disseram-lhe: Irás tu com este homem? Ela respondeu: Irei”
Gênesis 24:57-58

No caso acima, respeitaram a decisão de Rebeca em se casar com Isaque, filho de Abraão. Nesse caso, vale salientar que a família e o servo que foi ter com Rebeca no poço em que ela coletava água (ilustração ao lado) seguiram a orientação de Deus. Com fé, tudo ocorreu como todos esperavam.

“Ora, Isaque vinha de onde se vem do poço de Beer-Laai-Rói; porque habitava na terra do sul.

E Isaque saíra a orar no campo, à tarde; e levantou os seus olhos, e olhou, e eis que os camelos vinham.

Rebeca também levantou seus olhos, e viu a Isaque, e desceu do camelo.

E disse ao servo: Quem é aquele homem que vem pelo campo ao nosso encontro? E o servo disse: Este é meu senhor.
Então tomou ela o véu e cobriu-se.

E o servo contou a Isaque todas as coisas que fizera.

E Isaque trouxe-a para a tenda de sua mãe Sara, e tomou a Rebeca, e foi-lhe por mulher, e amou-a. Assim Isaque foi consolado
depois da morte de sua mãe.”

Gênesis 24:62-67

Embora os casamentos arranjados acontecessem costumeiramente, isso não significa que o amor não tivesse vez. Jacó interessou-se pela formosa Raquel e pediu sua mão em casamento ao futuro sogro, seu tio Labão. Este, por sua vez, concordou, mas “empurrou” para Jacó a filha mais velha, Lia, para só depois concordar que o sobrinho se casasse com Raquel (Gênesis 29). A passagem também mostra outro costume da época: o de casamentos entre membros de um mesmo clã. Todavia, podia acontecer de um jovem querer se casar com uma moça de outro grupo familiar, ou mesmo de povos adversários, como no caso de Sansão (foto abaixo), que casou-se com uma filisteia e seus pais tiveram de aceitar, pois sabiam que aquilo estava de acordo com a vontade de Deus (Juízes 14).

Negociações
Tudo era exposto entre as famílias dos futuros nubentes, antes de o noivado ser oficializado. Era comum que um amigo muito chegado do noivo negociasse, junto com o pai do mesmo, com o pai da noiva ou um representante dele. O verbo “negociar” parece um pouco frio, mas não era de todo inapropriado, pois os arranjos também tinham o objetivo de compensar à família da moça como o trabalho que ela prestava em casa seria feito dali em diante. As mulheres eram mão de obra importante no cotidiano bíblico, e seu trabalho fazia falta no lar do qual não fariam mais parte dali em diante. Era costume que essa compensação fosse feita em dinheiro.
Outra quantia que também devia ser providenciada era o dote, pago ao pai da noiva. Este, por sua vez, não poderia gastá-lo, pois era uma reserva no caso de a mulher tornar-se viúva ou de ocorrer o divórcio (Gênesis 31:14-15) – mas ele podia aplicar o dinheiro e usufruir dos juros. Na teoria era isso mesmo, uma reserva para tempos difíceis, mas muitos pais praticamente vendiam mesmo as filhas, sem dar atenção ao costume.

Caso o pretendente fosse pobre e não tivesse como arcar com o dote, podia pagá-lo com trabalho. Também havia o caso de o pai da noiva não fazer questão de dote e desobrigar o futuro genro dele, ou de ser rico a ponto de não precisar daquela quantia. Saul usou a riqueza como desculpa para dificultar que Davi se casasse com sua filha, Mical, e pediu ao jovem pastor e guerreiro que lhe trouxesse 100 prepúcios de filisteus como dote simbólico (1 Samuel 18:25) – na verdade, uma armação, já que esperava que os inimigos de Israel dessem cabo de Davi. O jovem venceu e levou o que foi pedido ao rei, que teve de manter sua palavra (foto abaixo), embora a contragosto.

Contudo, ao pai da noiva também cabia gastar. Ele também dava um dote à filha, que podia ser dado em dinheiro, bens ou qualquer outra coisa que favorecesse o novo lar que se formava (1 Juízes 1:12-15).
Por razões políticas, casamentos entre clãs e povos diferentes podiam acontecer (Gênesis 41:45), como foi bem comum entre famílias reais de vários países até poucos séculos atrás. Mas a união com pessoas de outra fé, que abalassem as crenças religiosas de suas novas famílias, não eram bem vistas (1 Reis 11:4). Casamentos entre parentes muito próximos também eram proibidos (Levíticos 18:6-18).
Enfim, noivos
Feitos todos os arranjos para o casamento, acontecia o noivado. Os noivos, embora não vivessem ainda juntos, já eram considerados um casal, oficialmente.  O noivo ficava isento do serviço militar, obrigatório para todos os homens (Deuteronômio 20:7).
O noivado durava cerca de 1 ano, período em que a casa era providenciada pelo noivo e o enxoval pela noiva. A família da jovem ficava encarregada dos preparativos para a festa do casamento.
Após a festa, o casal ia para a sua nova casa, e só então tinham autorização para a conjunção carnal.
No período neotestamentário, alguns dos costumes do Velho Testamento ainda eram presentes. Mas havia uma modalidade de noivado que se somava às antigas: o homem dava um presente à pretendente, e dizia algo como “com isso, de agora em diante, você é separada para mim segundo as leis de Moisés e de Israel”. Caso a moça aceitasse, o casal estava noivo oficialmente daquele momento em diante.
José e Maria estavam noivos quando ela se descobriu grávida pelo Espírito Santo. O carpinteiro pensou em abandoná-la, mas temia por sua amada, pois ela seria acusada de adultério, crime então punido com execução por apedrejamento. Em sonho, Deus enviou-lhe um anjo esclarecendo tudo (ilustração ao lado), e José aceitou casar-se com aquela que, em breve, seria mãe de Jesus (Mateus 1:18-25).

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